Advogado do Diabo
Advogado do Diabo (Advocatus diaboli do latim) é uma antiga posição oficial dentro da Igreja Católica, o Promotor da Fé (do Latim Promotor Fidei) aquele que argumentava contra a canonização de um candidato, tentando descobrir quaisquer falhas de carácter ou deturpação das provas a favor da canonização (por exemplo, inconsistência nas provas dos supostos milagres, etc.).[1][2]
História
O ofício de Advogado do Diabo foi estabelecido em 1587[3] pelo Papa Sisto V e foi abolido pelo Papa João Paulo II em Janeiro de 1983, com o objectivo declarado de tornar o processo de santificação mais simples, mais rápido, menos caro e mais produtivo. A recolha de evidências passou a estar a cargo dos Bispos locais, e terminou a discussão legal entre o "advogado do Diabo" e os defensores da canonização. Para demonstrar a verdade sobre a vida do candidato, um Colégio de Relatores estava agora encarregado de examinar a causa.[4] Estas novas orientações causaram uma subida dramática no número de indivíduos canonizados:[5] cerca de 500 canonizados e mais de 1300 beatificados a partir desta data até 2005, enquanto apenas houvera cerca de 300 canonizações no período que vai de 1587 a 1983.[6] Isto sugere que os Advogados do Diabo, de facto, reduziam o número de canonizações. Alguns pensam que terá sido um cargo útil para assegurar que tais procedimentos não ocorressem sem causa merecida, e que a santidade não era reconhecida com muita facilidade.[carece de fontes] A última palavra num processo de canonização pertence ao Papa em exercício.[7]
Em casos de controvérsia, o Vaticano pode ainda procurar o testemunho de críticos de um candidato à canonização. Um exemplo notável disto aconteceu em 2003, quando o ateu Christopher Hitchens, crítico declarado da Madre Teresa, que considerava uma fanática fundamentalista e uma fraude, foi entrevistado como parte das suas audiências de beatificação. [8][9] Madre Teresa foi declarada santa pelo Papa Francisco em Setembro de 2016.[10]
Hoje em dia o termo tem vindo a designar uma pessoa que discute a favor de um ponto de vista no qual não acredita necessariamente, mas que o faz simplesmente para apresentar um argumento oposto. Este processo pode vir a ser utilizado para testar a qualidade do argumento e identificar erros na sua estrutura.[11] Também designa aquele que defende pontos de vista que aparentemente são indefensáveis.[carece de fontes]
Referências
- ↑ Fanning, William (1911). «Promotor Fidei». Catholic Encyclopedia. 12. Nova Iorque: Robert Appleton Company. OCLC 811253232. Consultado em 12 de julho de 2019
- ↑ Woodward, Kenneth L. (1990). Making saints : how the Catholic Church determines who becomes a saint, who doesn't, and why. [S.l.]: Touchstone. p. 376
- ↑ Burtsell, Richard (1907). «Advocatus Diaboli». The Catholic Encyclopedia (em inglês). 1. Nova Iorque: Robert Appleton Company. OCLC 875120339. Consultado em 19 de janeiro de 2018
- ↑ Woodward 1990, p. 90-91.
- ↑ Leung, Rebecca (19 de outubro de 2003). «The Debate Over Sainthood». CBS News (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2019
- ↑ Stewart, Phil (18 de Fevereiro de 2008). «Vatican clarifies, updates saint making process». Reuters (em inglês)
- ↑ Schmalz, Mathew. «Who becomes a saint in the Catholic Church, and is that changing?» (em inglês). The Conversation. Consultado em 16 de Janeiro de 2021
- ↑ Leung, Rebecca (19 de Outubro de 2003). «The Debate Over Sainthood». CBS News (em inglês)
- ↑ Hitchens, Christopher (20 de Outubro de 2003). «Mommie Dearest : The pope beatifies Mother Teresa, a fanatic, a fundamentalist, and a fraud». Slate (em inglês). ISSN 1091-2339
- ↑ Sherwood, Harriet (4 de Setembro de 2016). «Pope Francis canonises Mother Teresa before St Peter's Square masses». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077
- ↑ «Devil's advocate meaning». The Idioms (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2019
Bibliografia
- Woodward, Kenneth L. (1990). Making saints : how the Catholic Church determines who becomes a saint, who doesn't, and why. -Touchstone