Aurora Rodrigues
Aurora Rodrigues | |
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Nascimento | Aurora Rosa Salvador Rodrigues 20 de janeiro de 1952 (73 anos) Mértola |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | juíza, jurista |
Aurora Rosa Salvador Rodrigues, mais conhecida por Aurora Rodrigues (Minas de São Domingos, 25 de janeiro de 1952), é uma magistrada portuguesa jubilada do Ministério Público. Foi presa política pela PIDE durante o Estado Novo português.[1][2][3]
Biografia
Alentejana, nasceu a 20 de Janeiro de 1952, em Vale da Azinheira, Mina de São Domingos.[2][3]
Aos 17 anos, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, no ano letivo de 1969/70. [1][2]
Aposentou-se do magistério em 2018.[3]
Percurso
Depois de ter ingressado na universidade, Aurora Rodrigues foi abordada pelo PCP para se tornar militante, mas acabou por juntar-se ao MRPP, no seguimento do assassinato do estudante Ribeiro dos Santos pela PIDE.[1]
A 3 de maio de 1973, com apenas 21 anos, foi presa pela PIDE à saída da universidade, depois de um encontro de estudantes.[4][5] Permaneceu na prisão de Caxias durante três meses, onde foi submetida a um regime de tortura particularmente violento. Foi sujeita a 450 horas de tortura do sono, tortura de afogamento, de estátua, e espancamentos.[6][4][2] Rodrigues declarou que a memória de Ribeiro dos Santos, bem como o apoio da sua família e da sua camarada Ana Gomes seriam fundamentais para a sua sobrevivência durante esse período.[6]
Aurora Rodrigues seria libertada cerca de três meses depois, a 28 de julho de 1973.[7] Não teve direito a advogado, nunca foi a julgamento, nem conheceu uma acusação formalizada.[1]
Depois do 25 de Abril de 1974, voltaria a ser detida pelo COPCON, na sequência da proibição do MRPP participar na Assembleia Constituinte.[8] Foi presa a 28 de Maio de 1975, à chegada da sede do partido, acompanhada por Arnaldo Matos. Este encarceramento foi parte de uma operação nacional, que colocou 432 militantes do partido atrás das grades.[2]
Em 1977, desfiliou-se do MRPP, abandonando em definitivo a militância partidária.[1][2]
Foi magistrada do Ministério Público em Santarém e em Évora.[9][3] Entre 2009 e 2012, foi presidente de secção eborense do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.[10]
Obra
Em 2011, publicou o livro Gente Comum - uma história na PIDE, em que relatava a sua experiência enquanto presa política. Partindo da autobiografia dos seus primeiros 25 anos de vida, Rodrigues pretendia contrariar a ideia de que os presos políticos do regime eram apenas políticos conhecidos, mas antes cidadãos comuns.[1][2][6] O livro foi organizado pelo historiador António Monteiro Cardoso e pela antropóloga Paula Godinho [gl] que, partindo dos depoimentos de Aurora Rodrigues, fizeram o devido enquadramento histórico e social.[1][2] A edição contou com o apoio do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e da Associação das Mulheres Juristas e foi apresentada por Fernando Rosas.[6]
Reconhecimentos
Em março de 2024, recebe o Prémio Elina Guimarães, atribuído pelo Conselho Geral da Ordem dos Advogados, reconhecendo a luta contra o regime do Estado Novo e a defesa dos valores democráticos e de igualdade.[11]
Referências
- ↑ a b c d e f g «Aurora Rosa Salvador Rodrigues | Memorial 2019». www.memorial2019.org. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f g h Almeida, São José. «Aurora, de presa política a magistrada do Ministério Público». PÚBLICO. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ a b c d «Aurora Rodrigues: 25 de Abril, ainda a esperança». diariodoalentejo.pt. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ a b «Mulheres de Abril: Testemunho de Aurora Rodrigues». Esquerda. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Fui presa a 3 de Maio de 1973, faz anos hoje». Esquerda. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ a b c d «PIDE obrigou-a a ficar 450 horas sem dormir». www.jn.pt. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Aurora Rodrigues: Uma mulher de luta». Agrupamento Vertical Escolas de Cristelo. O Papagaio: 18. Junho de 2011
- ↑ «Ser Mulher antes do 25 de Abril – EPRAL». Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Arquivo.pt». arquivo.pt. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «CORPOS GERENTES DOSINDICATO DOS MAGISTRADOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO –TRIÉNIO 2009/2012» (PDF)
- ↑ «Comemorações do Dia Internacional da Mulher 2024». Ordem dos Advogados (em inglês). Consultado em 1 de abril de 2024
Ligações Externas
- Gente Comum - uma história na PIDE, ISBN: 978-989-8448-03-3