Partido Baath (Síria)
Partido nacionalista Árabe Baath da Síria حزب البعث العربي الاشتراكي | |
---|---|
Líder | Bashar al-Assad |
Vice-presidente | Ibrahim al-Hadid |
Fundação | 1947 |
Dissolução | 2024 |
Sede | Damasco, Síria |
Ideologia | Neo-Baathismo Socialismo árabe Militarismo Pan-arabismo Nacionalismo árabe Nacionalismo sírio Secularismo Antissionismo Anti-imperialismo Patriotismo socialista Nacionalismo de esquerda |
Espectro político | Extrema-esquerda (historicamente)[1] |
Ala de estudantes | União Nacional de Estudantes Vanguardas Ba'ath |
Ala de juventude | União da Juventude Revolucionária |
Ala paramilitar | Brigadas Baath (2012-2018) |
Membros | 1 200 000 (2010) |
Afiliação nacional | Frente Progressista Nacional |
Ala militar | Brigadas Baath |
Cores | Preto, Verde, Branco e Vermelho |
Slogan | Unidade, Liberdade e Socialismo |
O Partido Socialista Árabe Baath da Síria (em árabe: حزب البعث العربي الاشتراكي, translit. Hizb Al-Ba'ath Al-'Arabi Al-Ishtiraki), também escrito Ba'ath, "ressurreição" ou "renascimento", é um partido político neo-baathista com sede em Damasco, na Síria, para o pan-arabismo e socialismo.[2][3] Tem filiais em todo o mundo árabe. Seu lema é "Unidade, Liberdade e Socialismo".[4]
A Filial Regional Síria governou a Síria continuamente desde a golpe de Estado de 1963, que trouxe os baathistas ao poder, até à queda do regime, a 8 de dezembro de 2024.[5] Desde sua ascensão ao poder em 1963, os oficiais neobaathistas procederam eliminando as elites civis tradicionais para construir uma ditadura militar operando em linhas totalitárias;[6][7] em que todas as agências estatais, organizações partidárias, instituições públicas, entidades civis, mídia e infraestrutura de saúde são fortemente dominadas pelo establishment do exército e pelo Mukhabarat, o serviço de inteligência.[8][9]
O Partido Baath da Síria surgiu de uma cisão interna no Partido Baath original em fevereiro de 1966, entre entre a velha guarda do partido, representada por Michel Aflaq, Salah ad-Din al-Bitar e Munif al-Razzaz, e as facções mais jovens que aderiram a uma posição neo-baathista, liderados por Salah Jadid e Hafez al-Assad, que resultou em um golpe de estado na Síria. Os antigos membros desertaram para o Iraque, e o Partido Baath iraquiano, que se separou da matriz síria.[10]
De 1970 até 2000, o partido foi chefiado pelo presidente sírio Hafez al-Assad e a partir de 2000, a liderança seria partilhada entre seu filho Bashar al-Assad[11] (chefe da organização regional da Síria) e Abdullah al-Ahmar (chefe da organização nacional pan-árabe). O regime baathista foi deposto na Síria após mais de uma década de guerra civil e o colapso do governo de Bashar al-Assad.[12]
Organização
O regime baathista sírio foi criado por e para Hafez al-Assad, e ele não era apenas a âncora para identificação nacional, mas também a única fonte e foco de poder real. O presidente controla todos os pilares do poder: ele era o secretário-geral do Partido Ba'th (que controla o parlamento), comandante-em-chefe das forças armadas e a autoridade de todos os serviços de inteligência.[13] Seu poder informal ia ainda mais longe.[13]
Os modelos para o regime de Asad foram os regimes comunistas autocráticos da Europa Oriental, particularmente o regime de Ceausescu na Romênia.[13] Tendo sistemas análogos tal como o controle centralizado do líder, a terminologia do culto à personalidade, o papel marginal do partido que estava ostensivamente no poder e o papel dominante da família no regime, criando um senso de monarquia. De acordo com o próprio Hafez al-Assad, ele também foi influenciado pelo regime norte-coreano de Kim Il-sung.[13]
O exército sírio era um dos principais pilares do regime. Suas funções sob o regime Ba’th incluíam não apenas a defesa do país diante de ameaças externas - israelenses, turcas e, até certo ponto, iraquianas - mas também deveres domésticos de contraterrorismo e coleta de inteligência sobre potencial subversão.[14]
Resultados eleitorais
Eleições presidenciais
Data | Candidato
apoiado |
CI. | Votos | % |
---|---|---|---|---|
1971 | Hafez al-Assad | 1.º | 1 919 609 | 99,2 / 100,0 |
1978 | Hafez al-Assad | 1.º | 3 975 729 | 99,9 / 100,0 |
1985 | Hafez al-Assad | 1.º | 6 200 428 | 100,0 / 100,0 |
1991 | Hafez al-Assad | 1.º | 6 726 843 | 100,0 / 100,0 |
1999 | Hafez al-Assad | 1.º | 8 960 011 | 100,0 / 100,0 |
2000 | Bashar al-Assad | 1.º | 8 689 871 | 99,7 / 100,0 |
2007 | Bashar al-Assad | 1.º | 11 199 445 | 99,8 / 100,0 |
2014 | Bashar al-Assad | 1.º | 10 319 723 | 88,7 / 100,0 |
Eleições legislativas
Data | CI. | Votos | % | Deputados | +/- | Status |
---|---|---|---|---|---|---|
1954 | 2.º | N/D | 15,0 / 100,0 |
22 / 142 |
Oposição | |
1961 | 3.º | N/D | N/D | 20 / 172 |
2 | Oposição |
De 1961 a 1973 não se realizaram eleições | ||||||
1973 | 1.º | N/D | N/D | 122 / 186 |
Governo | |
1977 | 1.º | N/D | N/D | 125 / 195 |
3 | Governo |
1981 | 1.º | N/D | N/D | 127 / 195 |
2 | Governo |
1986 | 1.º | N/D | N/D | 130 / 195 |
3 | Governo |
1990 | 1.º | N/D | N/D | 134 / 250 |
4 | Governo |
1994 | 1.º | N/D | N/D | 135 / 250 |
1 | Governo |
1998 | 1.º | N/D | N/D | 135 / 250 |
Governo | |
2003 | Frente Progressista Nacional | 135 / 250 |
Governo | |||
2007 | 134 / 250 |
1 | Governo | |||
2012 | 134 / 250 |
Governo | ||||
2016 | 172 / 250 |
38 | Governo[15] |
Partidos ligados
País | Partido | Status |
---|---|---|
Iraque | Partido Baath | Banido |
Iêmen | Partido Socialista Árabe Baath | Oposição |
Jordânia | Partido Árabe Progressista Baath | Extra-parlamentar |
Líbano | Partido Socialista Árabe Baath | Oposição |
Mauritânia | Partido Baath | Extra-parlamentar |
Palestina | As-Sa'iqa | Extra-parlamentar |
Sudão | Partido Socialista Árabe Baath | Extra-parlamentar |
Ver também
Referências
- ↑ Cavoški, Jovan (2022). Non-Aligned Movement Summits: A History. UK: Bloomsburry. p. 101. ISBN 978-1-3500-3209-5
- ↑ Farhat, José. «A Formação dos Atuais Estados Árabes no Oriente Médio: Síria» (PDF). Instituto da Cultura Árabe. O Oriente Médio Árabe: passado recente e configurações atuais: 3
- ↑ Rouleau, Eric (1 de maio de 2006). «A demonização a Síria». Le Monde Diplomatique. Consultado em 6 de janeiro de 2025
- ↑ De Farias, Victor Cecchini (2021). «O "Nacionalismo Popular" do Partido Baath» (PDF). 31º Simpósio Nacional de História: 1-2. Consultado em 6 de janeiro de 2025
- ↑ Redação (25 de junho de 2012). «Profile: Syria's ruling Baath Party». BBC News (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2025
- ↑ Wieland, Carsten (2021). «Chapter 6: De-neutralizing Aid: All Roads Lead to Damascus». Syria and the Neutrality Trap: The Dilemmas of Delivering Humanitarian Aid through Violent Regimes (em inglês). Londres: Bloomsbury Publishing. p. 68. ISBN 978-0755641406. OCLC 1244629469
- ↑ Meininghaus, Esther (2016). «Introduction». Creating Consent in Ba'thist Syria: Women and Welfare in a Totalitarian State (em inglês). Londres: I.B. Tauris. p. 1–33. ISBN 978-1350985919. OCLC 952665632
- ↑ Keegan, John (1979). «Syria». World Armies (em inglês). Londres: Macmillan. p. 683–684. ISBN 978-0333172360. OCLC 5874355
- ↑ Bar, Shmuel (dezembro de 2006). «Bashar's Syria: The Regime and its Strategic Worldview» (PDF). Comparative Strategy (em inglês). 25 (5): 353–445. ISSN 0149-5933. doi:10.1080/01495930601105412. Consultado em 8 de janeiro de 2025. Arquivado do original (PDF) em 23 de julho de 2011
- ↑ Imady, Omar; Commins, David; Lesch, David W. (2021). Historical Dictionary of Syria. Col: Historical Dictionaries of Asia, Oceania, and the Middle East (em inglês) 4ª ed. Blue Ridge Summit, Pensilvânia: Rowman & Littlefield. p. 105. ISBN 978-1538122860. OCLC 1231607679
- ↑ Kahn, Gabe (21 de março de 2011). «Bloody Syrian Protests Continue». Arutz Sheva (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2025
- ↑ Redação (8 de dezembro de 2024). «Photos: Celebrations in Damascus as opposition declares end of Assad rule». Al Jazeera (em inglês). Consultado em 8 de janeiro de 2025
- ↑ a b c d Bar, Shmuel (dezembro de 2006). «Bashar's Syria: The Regime and its Strategic Worldview» (PDF). Comparative Strategy (em inglês). 25 (5). 354 páginas. ISSN 0149-5933. doi:10.1080/01495930601105412. Consultado em 8 de janeiro de 2025. Arquivado do original (PDF) em 23 de julho de 2011
- ↑ Bar, Shmuel (dezembro de 2006). «Bashar's Syria: The Regime and its Strategic Worldview» (PDF). Comparative Strategy (em inglês). 25 (5). 356 páginas. ISSN 0149-5933. doi:10.1080/01495930601105412. Consultado em 8 de janeiro de 2025. Arquivado do original (PDF) em 23 de julho de 2011
- ↑ Rania Abouzeid, “The youth of Syria: the rebels are on pause,” Time, March 6, 2011; Rania Abouzeid, “Sitting pretty in Syria: Why few go backing Bashar,” Time, March 6, 2011; Rania Abouzeid, “Syria’s Friday of dignity becomes a day of death,” Time, March 25, 2011 Rania Abouzeid, “Sitting pretty in Syria: Why few go backing Bashar,” Time, March 6, 2011