Passo de Caracórum
Passo de Caracórum | |
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Altitude | 5 562 m |
Países | Índia e China |
Cordilheira | Caracórum (Himalaias) |
Região | Fronteira China-Índia |
Território da Índia | Ladaque |
Região da China | Sinquião |
Coordenadas | |
Mapa de Caxemira com o passo de Caracórum assinalado |
O passo de Caracórum (em hindi: क़राक़रम दर्रा; chinês tradicional: 喀喇崑崙山口, chinês simplificado: 喀喇昆仑山口, pinyin: Kālǎkūnlún Shānkǒu) é um passo de montanha na cordilheira do Caracórum e na fronteira entre a China e a Índia, no norte desta última (Ladaque). O lado chinês faz parte da região autónoma Uigur de Sinquião. Situado a 5 562 metros de altitude,[1] é o passo obrigatório mais alto na antiga rota de caravanas entre Lé, a capital do Ladaque, e Iarcanda, na bacia do Tarim.[nt 1] Caracórum é um termo turcomano que significa literalmente "cascalho negro".[3]
O passo de Caracórum situa-se numa selada entre duas montanhas e tem aproximadamente 45 metros de largura. Não tem vegetação e geralmente não tem gelo nem neve devido ao vento. As temperaturas são muito baixas, os ventos são usualmente muito forte e as tempestades são frequentes. Tudo isso aliado à grande altitude era a causas de muitas mortes. Não obstante, o passo era considerado relativamente fácil devido aos seus acessos não serem muito íngremes em qualquer dos lados e à inexistência de neve e gelo durante grande parte do ano, o que permitia que o passo fosse cruzado durante quase todo o ano. Não há estrada transitável por veículos motorizados para o passo, o qual se encontra encerrado a qualquer tipo de tráfego.[4]
A grande altitude e a falta de pastagens causava numerosas mortes aos animais de carga, o que fazia com que a estrada fosse conhecida pela grande quantidade de ossos ao longo do seu percurso.[5] Nos acessos ao passo praticamente não há vegetação.[6] A viagem a sul do passo envolvia três dias de marcha ao longo das áridas planícies de Depsang, a cerca de 5 400 metros de altitude, o maior planalto do mundo a à sua altitude.[2] A norte o terreno é ligeiramente menos árido e a viagem envolvia a passagem pelo relativamente fácil e mais baixo passo de Suget Dawan antes de chegar às pastagens luxuriantes de Xaidulla, na parte superior do vale do rio Karakash.[7]
Aspetos geopolíticos
O passo de Caracórum situa-se no único pequeno trecho de fronteira entre a China e a Índia no norte do Ladaque que é reconhecido como fronteira pela Índia.[1][8] A região do Aksai Chin, cuja extremidade noroeste se situa a pouca distância a leste do passo foi ocupado pela China em 1962 e continua a ser reclamado pela Índia. Ver também: Linha de Controlo Real.[carece de fontes]
A pouca distância do passo, para oeste, fica o glaciar de Siachen, disputado entre a Índia e o Paquistão, onde continuam a ocorrer ocasionalmente os combates militares travados a maior altitude do mundo. O Acordo de Simla, assinado em 1972 entre a Índia e o Paquistão, deixou em aberto os 100 km mais orientais da linha de cessar-fogo — a chamada Linha de Controlo (LOC) só ficou definida até ao glaciar de Siachen sem o incluir e não vai até à fronteira com a China.[carece de fontes]
No tratado de fronteiras de 1963 assinado entre a China e o Paquistão, no qual este último entregou à China o vale de Shaksgam (também reclamado pela Índia por fazer parte da Caxemira do Império Britânico) refere uma tríplice fronteira entre aqueles dois países e a Índia no passo de Caracórum, mas a Índia não participou desse tratado nem de qualquer outro acordo para estabelecer uma tríplice fronteira. As fronteiras de facto dos três países encontram-se cerca de 100 km a ocidente do passo de Caracórum, na cordilheira de Siachen Muztagh, dois quilómetros a oeste do passo Indira Col (5 764 m), onde a Actual Ground Position Line (a linha de cessar-fogo entre as tropas paquistanesas e indianas que dá seguimento à LOC) chega a fronteira chinesa.[carece de fontes]
Notas
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Karakoram Pass», especificamente desta versão.
- ↑ A importante rota comercial entre Lé e Iarcanda tinha duas ou três variantes, algumas mais adequadas para o verão e outras para o inverno. No entanto, todas as variantes cruzavam a fronteira no passo de Caracórum. No verão era mais complicado usar os vales devido às torrentes, que gelavam no inverno, pelo que o percurso escolhido privilegiava os passos de montanha — nada menos que seis de grande altitude e que incluíam os temíveis Khardung La (5 359 ou 5 602 m), Saser La (5 411 m) e o Sanju La (5 364 m). No inverno, as rotas a maior altitude tinham o problema da neve, que bloqueavam os passos de montanha.[2]
Referências
- ↑ a b Verma, Virendra Sahai (29 de abril de 2013). «Pass to better relations with China» (em inglês). www.thehindu.com. Consultado em 20 de janeiro de 2017
- ↑ a b Rizvi 1996, p. 110.
- ↑ Younghusband 1897, p. 225.
- ↑ Rizvi 1999, pp. 28, 217.
- ↑ Shaw 1871, p. 431.
- ↑ Rizvi 1996, p. 48.
- ↑ Younghusband 1987, p. 226.
- ↑ Anderson 2003, p. 180.
Bibliografia
- Anderson, Ewan W. (2003), International Boundaries: A Geopolitical Atlas, ISBN 9781579583750 (em inglês), Psychology Press, p. 180, consultado em 20 de janeiro de 2017
- Rizvi, Janet (1996), Ladakh: Crossroads of High Asia, ISBN 9780195645460 (em inglês) 2.ª ed. , Deli: Oxford University Press India
- Rizvi, Janet (1999), Trans-Himalayan Caravans : Merchant Princes and Peasant Traders in Ladakh, ISBN 0-19-564855-2 (em inglês), Nova Deli: Oxford University Press, consultado em 20 de janeiro de 2017
- Shaw, Robert (1871), Visits to High Tartary, Yârkand, and Kâshgar (formerly Chinese Tartary): And Return Journey Over the Karakoram Pass (em inglês), Londres: J. Murray. Reedição com introdução de Peter Hopkirk publicada em 1984 pela Oxford University Press, consultado em 20 de janeiro de 2017
- Younghusband, Francis Edward (1897), The Heart of a Continent, a Narrative of Travels in Manchuria Across the Gobi Desert, Through the Himalayas, the Pamirs, and Chitral, 1884-1894 (em inglês), Londres: J. Murray. Edição fac-símile de 2005 publicada por Elibron Classics Replica Edition, consultado em 20 de janeiro de 2017