River of No Return

River of No Return
River of No Return
Cartaz do filme
No Brasil O Rio das Almas Perdidas
Em Portugal Rio sem Regresso
 Estados Unidos
1954 •  cor •  91 min 
Gênero faroeste
ação
aventura
Direção Otto Preminger
Produção Stanley Rubin
Roteiro Frank Fenton
Baseado em Louis Lantz (história)
Elenco Marilyn Monroe
Robert Mitchum
Tommy Rettig
Rory Calhoun
Música Cyril J. Mockridge
Cinematografia Joseph LaShelle
Edição Louis R. Loeffler
Companhia(s) produtora(s) 20th Century Fox[1]
Distribuição 20th Century Fox
Idioma inglês
Orçamento US$ 2,195,000[2]
Receita US$ 3,800,000[3]

River of No Return (bra: O Rio das Almas Perdidas[4][5]; prt: Rio sem Regresso[6]) é um filme musical de faroeste estadunidense de 1954, dirigido por Otto Preminger e estrelado por Robert Mitchum e Marilyn Monroe. O roteiro, escrito por Frank Fenton, é baseado em uma história de Louis Lantz, que se inspirou na premissa do filme italiano Ladrões de Bicicletas.[7] O filme foi rodado em locações nas Montanhas Rochosas canadenses, utilizando as técnicas de Technicolor e CinemaScope, e lançado pela 20th Century Fox.[8]

O roteiro, escrito por Frank Fenton, é baseado em uma história de Louis Lantz, que pegou sua premissa do filme italiano de 1948 Ladrões de Bicicletas.[7]

Sinopse

Matt Calder (Robert Mitchum) é um viúvo taciturno libertado da prisão em busca de seu filho Mark (Tommy Rettig), que foi deixado sob os cuidados de Kay (Marilyn Monroe), uma dançarina de salão. Enquanto tentam reconstruir suas vidas, os três enfrentam uma série de desafios, incluindo um ataque de índios hostis e o roubo de seus bens pelo jogador Harry Weston (Rory Calhoun), noivo de Kay. Ao longo da jornada, Matt e Kay desenvolvem uma relação de respeito e admiração, enquanto Mark começa a compreender o passado de seu pai. No final, Kay abandona sua vida no salão e segue Matt e Mark para uma nova vida, longe de seu antigo mundo.

Produção

Marilyn Monroe como Kay.

Otto Preminger estava se preparando para lançar The Moon Is Blue quando o executivo da 20th Century Fox, Darryl F. Zanuck, o designou para dirigir River of No Return, como parte de seu contrato com o estúdio. O produtor Stanley Rubin, com experiência em faroestes, preferia que o filme fosse dirigido por William Wellman, Raoul Walsh ou Henry King, e temia que Preminger, mais associado a melodramas noirs ou comédias sofisticadas, não fosse capaz de lidar com um projeto sobre a cultura americana. Preminger, inicialmente sem interesse no filme, mudou de opinião ao ler o roteiro, reconhecendo o potencial da história. Ele também aprovou a escolha de Robert Mitchum e Marilyn Monroe para os papéis principais.[9]

Zanuck decidiu filmar o longa em CinemaScope, o que aumentou o orçamento. A maior parte das filmagens foi realizada nos parques nacionais de Banff e Jasper, e no Lago Louise, em Alberta, Canadá. Preminger e Rubin viajaram para escolher as locações, e durante a estadia, Rubin começou a perceber que, ao contrário de uma obrigação contratual, Preminger realmente se interessou pelo projeto.[10]

A pré-produção durou doze semanas, com Marilyn Monroe ensaiando e gravando números musicais compostos por Ken Darby e Lionel Newman, e a produção seguiu com 45 dias de filmagens. O elenco e a equipe partiram para Calgary em junho de 1953, viajando depois para o Hotel Banff Springs, que serviria de base.[11]

Marilyn estava acompanhada de Natasha Lytess, sua coach de atuação, com quem Preminger entrou em conflito desde o início. Lytess frequentemente dava instruções contrárias às do diretor, o que irritou Preminger, que pediu a Rubin para afastá-la do set. Contudo, quando Marilyn ameaçou parar a produção caso Lytess fosse demitida, Zanuck, temendo prejudicar a popularidade de Marilyn, cedeu e trouxe a coach de volta. Preminger, enfurecido, descontou sua raiva em Marilyn durante toda a produção.[12]

As filmagens foram marcadas por dificuldades, como chuvas frequentes, a bebida excessiva de Mitchum, e uma lesão no tornozelo de Marilyn, que a afastou do set por vários dias.[13] O jovem Tommy Rettig foi uma das poucas fontes de apoio para o diretor, que apreciava o profissionalismo do ator. Quando Lytess tentou interferir na atuação de Rettig, Preminger contou ao elenco e à equipe sobre seu comportamento, e eles começaram a apoiá-lo para afastá-la do set.[14][15][14][16]

Em setembro, a produção se mudou para Los Angeles para filmar as cenas internas e os close-ups de uma sequência no rio, que foi filmada em um tanque, pois as cenas nas corredeiras reais do River of No Return, the Salmon River (Rio Sem Volta, Rio do Salmão), no estado de Idaho, foram feitas com dublês. O Salmon River é o único grande rio nos EUA que flui inteiramente dentro de um estado, e suas corredeiras seriam difíceis de duplicar no filme.[17]

Durante a produção, Marilyn estava com muletas e Preminger a ajudava sempre que possível. Rubin continuava a criticar o trabalho de Preminger, acreditando que o diretor não conseguiu capturar a atmosfera faroeste e que as cenas de ação ficaram ensaiadas e estáticas. Mesmo com as frequentes divergências, Preminger conseguiu concluir as filmagens dentro do prazo e orçamento.[17] Após as filmagens, Preminger foi para a Europa e deixou o editor Louis R. Loeffler e Rubin encarregados da pós-produção. Jean Negulesco foi chamado para refilmagens. Essa experiência levou Preminger a decidir que não queria mais trabalhar como empregado de estúdio, pagando à Fox US$ 150.000 para cancelar o restante de seu contrato.[18][19]

Anos depois, Marilyn afirmou que River of No Return era o pior filme de sua carreira, enquanto Preminger falava amargamente sobre ela em várias entrevistas. Em 1980, ao ser entrevistado pelo New York Daily News, Preminger admitiu: "Ela se esforçou muito, e quando as pessoas se esforçam muito, você não pode ficar bravo com elas".[20]

Este filme foi o primeiro a ser filmado em CinemaScope e Deluxe Color no Canadá.

Elenco

Recepção da crítica

Bosley Crowther, do New York Times, compara o cenário deslumbrante de River of No Return e a presença de Marilyn Monroe, destacando que ambos são igualmente atraentes. A direção de Otto Preminger explora a grandeza das paisagens das Montanhas Rochosas e a violência da natureza em cenas intensas, como as corredeiras. No entanto, a atenção do público, assim como a de Mitchum, é voltada para Monroe, com poses frequentes que destacam sua figura, muitas vezes encharcada, criando uma situação dramática exagerada. Além disso, o personagem de Tommy Rettig, o filho de Mitchum, e o de Dory Calhoun, um jogador que serve como obstáculo ao romance, complementam a trama. A crítica reconhece que, embora a ação e o drama sejam eficazes, o foco é claramente direcionado à figura de Monroe.[21]

Referências

  1. «River of No Return (1954): Additional Details - Production Co» (em inglês). TCM. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  2. Aubrey Solomon (2002). Twentieth Century-Fox: A Corporate and Financial History. Col: The Scarecrow Filmmakers Series (em inglês). 20. EUA: Scarecrow Press. p. 248. 285 páginas. ISBN 9780810842441. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  3. Top Box-Office Hits of 1954. Nova York: Penske Business Media. Variety (em inglês). 5 de janeiro de 1955 
  4. EWALD FILHO, Rubens (1975). Os filmes de hoje na TV. São Paulo: Global. p. 169. 210 páginas 
  5. «O Rio das Almas Perdidas». Brasil: AdoroCinema. Consultado em 28 de dezembro de 2018 
  6. «Rio sem Regresso». Portugal: SapoMag. Consultado em 28 de dezembro de 2018 
  7. a b Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 202. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 19 de outubro de 2014 
  8. «River of No Return (1954): Cast & Crew - Director» (em inglês). TCM. Consultado em 19 de outubro de 2014 
  9. Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 202-203. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 24 de outubro de 2014 
  10. Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 203. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 31 de outubro de 2014 
  11. Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 204. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 31 de outubro de 2014 
  12. Brian Brennan (2005). Romancing the Rockies: Mountaineers, Missionaries, Marilyn, and More (em inglês). Canadá: Fifth House. p. 177. 212 páginas. ISBN 9781894856409. Consultado em 31 de outubro de 2014 
  13. Brian Brennan (2005). Romancing the Rockies: Mountaineers, Missionaries, Marilyn, and More (em inglês). Canadá: Fifth House. p. 178-179. 212 páginas. ISBN 9781894856409. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  14. a b Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 205. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 31 de outubro de 2014 
  15. Otto Preminger (1977). Preminger: An Autobiography (em inglês). Nova York: Doubleday. p. 127-128. 208 páginas. ISBN 978-0385034807. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  16. Otto Preminger (1977). Preminger: An Autobiography (em inglês). Nova York: Doubleday. p. 129. 208 páginas. ISBN 978-0385034807. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  17. a b Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 205-207. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  18. Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 207. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  19. Otto Preminger (1977). Preminger: An Autobiography (em inglês). Nova York: Doubleday. p. 132. 208 páginas. ISBN 978-0385034807. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  20. Foster Hirsch (2011). Otto Preminger: The Man Who Would Be King (em inglês). EUA: Knopf Doubleday Publishing Group. p. 208-209. 592 páginas. ISBN 9780307489210. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  21. Four New Films Arrive; Marilyn Monroe Vs. Scenery at Roxy Science-Fiction Drama Bows at Paramount. New York Times. Consultado em 6 de janeiro de 2025
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