Triângulo rosa
O triângulo rosa (Alemão: rosa Winkel) foi um dos símbolos usados nos campos de concentração nazistas, criado para identificar homens homossexuais ou pessoas trans designadas homens.[1][2][3] Nos anos 1970 e 1980, ele foi revivido como um símbolo de protesto contra a homofobia, e foi adotado desde então pela população homossexual, como um símbolo de orgulho e do movimento pelos seus direitos.[4][5]
História
Uso na Alemanha Nazista
Inicialmente, os prisioneiros homossexuais masculinos eram identificados das mais diversas maneiras, seja com um triângulo verde (indicando criminosos) ou vermelho (prisioneiros políticos), ou simplesmente com o o número 175 (Uma referência ao parágrafo 175, do código penal alemão que criminalizava a atividade homossexual masculina). Com a consolidação a perseguição sistêmica a homossexuais, os Nazistas passaram a adotar o triângulo rosa para identificar os homens homossexuais presos sob os termos do Parágrafo 175.[6]
Se um prisioneiro também fosse judeu, o triângulo rosa era sobreposto a um segundo triângulo amarelo, para se assemelhar à estrela de Davi.[6]
Perseguição pós-nazista
Mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial e a ocupação aliada a Alemanha, as leis nazistas que criminalizavam a homossexualidade não foram revogadas e muitos dos prisioneiros presos por homossexualidade foram reencarcerados pela nova República Federal da Alemanha que havia sido estabelecida pelos Aliados.[7]
O principal simbolo desse período histórico, foi um homem homossexual chamado Heinz Dörmer, que foi preso em um campo de concentração nazista e novamente preso pelo novo governo alemão, juntando todas as suas penas ele passou quase uma década preso.[8]
As leis nazistas que criminalizavam a homossexualidade masculina só vieram a ser totalmente revogadas em 1968, na Alemanha Oriental e em 1969 na Alemanha Ocidental (Entretanto, a Alemanha Ocidental continuou criminalizando atos homossexuais masculinos até 1994, apesar das prisões serem muito raras).[8]
Prisões
É estimado que entre os anos de 1933 e 1944, cerca de 50.000 à 63.000 homens gays foram presos e mandados para campos de concentração.[9]
Símbolo dos direitos dos homossexuais
Ressignificação e Identidade Gay
Na década de 1970, vários ativistas do movimento de libertação gay na Europa e nos EUA começaram a usar o triângulo rosa como um símbolo de resistência e para aumentar a conscientização sobre seu uso na Alemanha nazista. Impulsionados pelo livro de memórias do sobrevivente do campo de concentração gay, Heinz Heger.[10]
Em 1973, o grupo alemão gay, Homosexuelle Aktion Westberlin fez um apelo para que os homens gays lembrassem do simbolo e o usassem como um memorial às vítimas anteriores e protestassem contra a discriminação contínua direcionada a comunidade gay.[10]
Na década de 1980, o triângulo rosa foi cada vez mais usado não apenas como um memorial, mas também como um simbolo positivo de resistência e identidade pessoal entre homens gays, sendo usado em movimentos sociais, paradas e manifestações políticas. Também era usado de forma individual por homens gays, muitas vezes de forma discreta ou ambígua, como uma especie código "interno" desconhecido para o público em geral. Foi usado de tal forma principalmente por gays que viviam em países ou lares homofóbicos para se identificar e socializar com outros homens gays.[11]
ACT UP
Em 1987, foi criada por seis ativistas gays em Nova York a AIDS Coalition To Unleash Power (ACT UP) e para chamar a atenção para o impacto desproporcional da doença sobre homens gays, combater os preconceitos e a demonização da comunidade gay masculina, que era sumariamente associada a doença, promover pesquisas e estudos sobre o tema e exigir direitos civis e médicos para os infectados. Apontando para a homofobia da classe política e também da própria comunidade médica.
O grupo adotou um triângulo rosa apontando para cima em um campo preto junto com o slogan" "SILENCE = DEATH" como seu logotipo.[12]
Monumentos e memoriais
O símbolo do triângulo rosa foi incluído em vários monumentos públicos e memoriais para lembrar os homens gays que morreram em campos de concentração.
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Memorial do triângulo rosa (Rosa Winkel em alemão) pelos gays mortos em Buchenwald, na Alemanha
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Um memorial em homenagem aos homens homossexuais mortos pelo Nazismo, em uma estação de metrô em Berlin.
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O Homomonumento de Amsterdã
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O Pink Triangle Park, em São Francisco
Ver também
- Triângulos do Holocausto
- Cronologia dos direitos homossexuais
- Homossexuais na Alemanha Nazi
- Parágrafo 175
Referências
- ↑ MODESTO, Edith. Vidas em arco-íris. Rio de Janeiro: Record, 2006.
- ↑ ASA. «Cidadania plena para todos». Consultado em 20 de setembro de 2009. Arquivado do original em 27 de novembro de 2010
- ↑ Rudolf Brazda; Jean-Luc Schwab Triângulo Rosa - Um homossexual no campo de concentração nazista. São Paulo: Mescla Editorial, 2011.
- ↑ Waxman, Olivia B. (31 de maio de 2018). «How the Nazi Regime's Pink Triangle Symbol Was Repurposed for LGBTQ Pride». TIME (em inglês). Consultado em 22 de agosto de 2018
- ↑ Shankar, Louis (19 de abril de 2017). «How the Pink Triangle Became a Symbol of Queer Resistance». HISKIND (em inglês). Consultado em 22 de agosto de 2018
- ↑ a b «Das Grosse A [We were marked with a Big A] - Collections Search - United States Holocaust Memorial Museum». collections.ushmm.org. Consultado em 18 de junho de 2021
- ↑ «Were Gay Concentration Camp Prisoners 'Put Back in Prison' After World War II?». Snopes.com (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2021
- ↑ a b SPIEGEL, James Kirchick, DER. «Documentary Explores Gay and Lesbian Oppression in East Germany». www.spiegel.de (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2021
- ↑ Plant, Richard (15 de fevereiro de 1988). The Pink Triangle: The Nazi War Against Homosexuals (em inglês). [S.l.]: Henry Holt and Company
- ↑ a b «Pink Triangle Legacies: Holocaust Memory and International Gay Rights Activism». Nursing Clio (em inglês). 20 de abril de 2017. Consultado em 18 de junho de 2021
- ↑ «glbtq >> social sciences >> Pink Triangle». web.archive.org. 25 de outubro de 2014. Consultado em 18 de junho de 2021. Cópia arquivada em 25 de outubro de 2014
- ↑ «SILENCE = DEATH». web.archive.org. 7 de setembro de 2009. Consultado em 18 de junho de 2021. Cópia arquivada em 7 de setembro de 2009