Energia renovável

Energia renovável é aquela que vem de recursos naturais que são naturalmente reabastecidos, como sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica. É importante notar que nem todo recurso natural é renovável, por exemplo, o urânio, carvão e petróleo são retirados da natureza, porém existem em quantidade limitada. Em 2022, a capacidade global de geração de energia renovável ascendeu a 3372 Gigawatts (GW), com um aumento recorde de 295 GW ou 9,6%. Cerca de 83% de toda a capacidade de energia adicionada em 2022 foi produzida por energias renováveis[1]. A capacidade elétrica renovável mundial aumentou 50% entre 2022 e 2023, com cerca de 507 gigawatts (GW) de novas instalações, sendo que três quartos destas novas instalações foram de energia fotovoltaica[2]. Este crescimento está concentrado em países e regiões como a Ásia, os EUA e a Europa, com a China sendo um dos maiores contribuintes[3].

A energia do Sol é convertida de várias formas para formatos conhecidos, como a biomassa (fotossíntese), a energia hidráulica (evaporação), a eólica (ventos) e a fotovoltaica, que contêm imensa quantidade de energia, e que são capazes de se regenerar por meios naturais.

A geração de energia eólica está crescendo rapidamente, com uma capacidade instalada a nível mundial que ultrapassará 1 TW (terawatt) até o final de 2023[4]. A energia eólica é amplamente utilizada na Europa, Ásia e nos Estados Unidos e enfrenta desafios como a necessidade de fortalecer cadeias de suprimentos e investir em infraestrutura e treinamento[5]. No Brasil, a geração média de energia eólica no Sistema Interligado Nacional (SIN) alcançou 17.110 MW em 2023, representando 24,3% da demanda do SIN, com destaque para a região Nordeste[6]. Além disso, projetos significativos como o Complexo Eólico Umari no Rio Grande do Norte, com capacidade de 202,5 MW, destacam o papel do Brasil no avanço da energia eólica[7].

Principais fontes e usos

Fontes emergentes de energia renovável: eólica, solar e biomassa.

Energia Solar Fotovoltaica

Ver artigo principal: Energia solar fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica tem experimentado um crescimento notável em todo o mundo. Em 2023, o mercado global de energia solar fotovoltaica ultrapassou 1 TW (terawatt) em capacidade acumulada, estabelecendo um novo recorde com a adição anual de 235,8 GW (gigawatts), um aumento de 35% em relação ao ano anterior. Este crescimento foi impulsionado principalmente pela China, que contribuiu com 45% da nova capacidade, e pela Europa, com 17%. Além disso, os Estados Unidos projetam adicionar um recorde de 32 GW de nova capacidade em 2023, representando um aumento de 52% em relação a 2022[8][9].

Os preços dos módulos fotovoltaicos caíram mais rapidamente do que o esperado no início de 2023, devido ao aumento da oferta de polissilício. Espera-se que esta redução nos custos se reflita nos preços dos módulos, beneficiando principalmente os desenvolvedores de projetos de grande escala. Em termos de tendências globais, a energia solar fotovoltaica está se consolidando como uma opção mainstream de fornecimento de eletricidade em muitos mercados estabelecidos, com expectativas de expansão para novos segmentos de consumidores e mercados em 2023[10][11].

Vantagens
  • Sustentável e renovável.
  • Reduz a dependência de combustíveis fósseis.
  • Baixa manutenção e operação silenciosa.

Desvantagens

  • Alto custo inicial de instalação.
  • Intermitente, dependente das condições climáticas.
  • Necessidade de grandes áreas para usinas de grande escala.

Principais Usos

  • Geração de eletricidade para casas e empresas.
  • Alimentação de dispositivos e sistemas isolados.
  • Usinas de grande escala para contribuição na rede elétrica.

Energia Solar Térmica

Ver artigo principal: Energia solar térmica

A energia solar térmica utiliza colectores solares para absorver a radiação solar e convertê-la em calor, que é então transferido para um fluido, geralmente uma mistura de água e anticongelante. Este fluido aquecido circula por um sistema que inclui um intercambiador de calor e um acumulador, fornecendo água quente para uso doméstico ou calefação. Este método de aproveitamento da energia solar é eficiente e ambientalmente amigável, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e contribuindo para a redução das emissões de CO2. No entanto, é dependente das condições climáticas e requer um investimento inicial significativo.[12][13][14].

Vantagens

  • Eficiente para aquecimento de água e espaços.
  • Redução de custos de energia para aquecimento.
  • Pode ser integrada em edifícios existentes.

Desvantagens

  • Eficiência dependente do clima.
  • Espaço necessário para instalação dos coletores.
  • Custo inicial relativamente alto.

Principais Usos

  • Aquecimento de água para uso doméstico e industrial.
  • Aquecimento de ambientes.
  • Geração de energia em usinas termossolares.

Energia Eólica

Ver artigo principal: Energia eólica

O setor de energia eólica tem se desenvolvido rapidamente, com a China liderando as adições de capacidade em 2022, seguida pela União Europeia e pelos Estados Unidos. Em 2022, a geração de energia eólica aumentou em 265 TWh, um crescimento de 14%, com a China respondendo por quase 40% desse crescimento. A tecnologia onshore ainda domina o crescimento da capacidade eólica, mas a tecnologia offshore está aumentando sua participação. O total de capacidade instalada global de energia eólica cresceu para 906 GW, representando um crescimento de 9% em relação a 2021. Espera-se que 2023 seja o primeiro ano a ultrapassar 100 GW de nova capacidade adicionada globalmente, com previsões de crescimento anual de 15%[15][16].

Nos Estados Unidos, a energia eólica continua sendo uma das fontes de eletricidade de crescimento mais rápido e de menor custo, impulsionada em parte pela Lei de Redução da Inflação. O país adicionou 8.511 MW de capacidade eólica terrestre em 2022 e espera-se um rápido crescimento, especialmente no setor offshore. O desenvolvimento offshore inclui projetos que exploram tecnologias adaptadas a águas profundas e regiões propensas a furacões. Um grande potencial de 2,8 terawatts poderia ser capturado nas costas dos EUA com turbinas eólicas flutuantes, o que exigiria desenvolvimento significativo de portos e cadeias de suprimentos locais[17][18].

Vantagens

  • Fonte de energia limpa e renovável.
  • Baixas emissões de carbono durante a operação.
  • Potencial significativo para geração em grande escala.

Desvantagens

  • Intermitência, dependente das condições de vento.
  • Impacto visual e sobre a vida selvagem.
  • Necessidade de áreas com ventos consistentes.

Principais Usos

  • Geração de eletricidade para redes elétricas.
  • Aplicações em locais remotos ou isolados.
  • Uso em parques eólicos onshore e offshore.

Energia Hidráulica

Ver artigo principal: Energia hidráulica

Em 2023, a energia hidráulica continuou a ser uma fonte vital de energia renovável, com avanços significativos e desafios enfrentados em todo o mundo. Mais de 34 GW de nova capacidade sustentável de energia hidráulica foram comissionados globalmente, incluindo mais de 10 GW de armazenamento por bombeamento (PSH). Este foi o primeiro ano desde 2016 em que mais de 30 GW de nova capacidade foram trazidos online em um único ano. Atualmente, a energia hidráulica fornece mais de 15% da eletricidade do mundo. No entanto, apesar dos sinais encorajadores de que governos, indústria e outras partes interessadas reconhecem cada vez mais o papel crítico da energia hidráulica nas redes elétricas do futuro, ainda há um déficit considerável de capacidade. Estima-se que, mesmo que todos os desenvolvimentos planejados se concretizem, haverá uma lacuna de mais de 700 GW para atender às metas de zero líquido até 2050[19][20].

Nos Estados Unidos, a Lei de Investimento em Infraestrutura e Empregos de 2021 e a Lei de Redução da Inflação de 2022 contêm incentivos significativos para a frota de energia hidráulica dos EUA e a indústria, que devem estimular o investimento na frota hidráulica existente e na construção de novos projetos hidráulicos não federais nos próximos anos. A capacidade de armazenamento por bombeamento (PSH) nos EUA aumentou 1,4 GW na última década, com 97% desse aumento devido a atualizações na frota existente. Em 2022, os projetos de PSH em desenvolvimento nos EUA aumentaram 43% em relação aos três anos anteriores[21].

Vantagens

  • Geração de energia constante e confiável.
  • Capacidade de armazenamento de energia (em reservatórios).
  • Baixa emissão de gases de efeito estufa.

Desvantagens

  • Impacto ambiental na fauna e flora local.
  • Alteração de ecossistemas aquáticos.
  • Deslocamento de comunidades em grandes projetos.

Principais Usos

  • Geração de eletricidade em larga escala.
  • Controle de enchentes e irrigação.
  • Uso em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) para impacto ambiental reduzido.

Energia Maremotriz e das Ondas

Ver artigo principal: Energia maremotriz

A energia maremotriz e das ondas, formas de energia renovável derivadas do movimento dos oceanos, têm se destacado no cenário energético global. No Brasil, destaca-se o projeto pioneiro no Porto de Pecém, Ceará, desenvolvido pela COPPE/UFRJ, que consistiu na instalação da primeira usina de ondas na América Latina. Este protótipo utilizava dois flutuadores ligados a braços mecânicos, que movimentavam água doce com alta pressão para gerar energia. Apesar do projeto ter sido descontinuado em 2014, ele representou um avanço significativo na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de aproveitamento de energia oceânica[22].

A energia das ondas é produzida pelo movimento vertical das ondas do mar, e a energia maremotriz aproveita a alternância de altura das marés. Enquanto a primeira pode ser captada por boias ou dispositivos flutuantes, a segunda envolve a construção de barragens em estuários para armazenar e liberar água através de turbinas, gerando eletricidade[23]. No Brasil, ainda na década de 1970, houve um planejamento para um projeto maremotriz no Rio Bacanga, em São Luís, MA, embora não tenha sido concluído. A capacidade técnica global estimada para a energia das ondas é de cerca de 2 TW, e para a energia das marés, 1 TW[24].

Vantagens

  • Fonte de energia previsível e renovável.
  • Baixa emissão de gases poluentes.
  • Potencial para geração contínua de energia.

Desvantagens

  • Custo elevado de desenvolvimento e manutenção.
  • Impacto sobre ecossistemas marinhos.
  • Limitada a áreas com condições geográficas específicas.

Principais Usos

  • Geração de eletricidade em áreas costeiras.
  • Potencial de integração com outras infraestruturas marítimas.

Biomassa e Biocombustíveis

Ver artigo principal: Biomassa

A biomassa é uma fonte renovável de energia que tem se tornado cada vez mais presente na matriz elétrica do Brasil, sendo uma alternativa viável para substituir os combustíveis fósseis. Ela consiste na matéria orgânica destinada à fabricação de biocombustíveis e produção de energia, como o bagaço de cana e madeira. Os biocombustíveis derivados de biomassa, como o etanol e o biodiesel, podem substituir parcial ou totalmente combustíveis fósseis em motores a combustão ou outras formas de geração de energia. O Brasil, um dos maiores produtores de etanol a partir da cana-de-açúcar, também tem visto um crescimento na produção de biodiesel, com 49 unidades produtivas operando no país em 2020, contribuindo significativamente para a inclusão social e redução das emissões de gases de efeito estufa.[25][26][27][28].

Vantagens

  • Reduz a dependência de combustíveis fósseis.
  • Utiliza resíduos que de outra forma seriam descartados.
  • Pode ser usada para produzir uma variedade de biocombustíveis.

Desvantagens

  • Questões de sustentabilidade na produção de biomassa.
  • Emissões de gases de efeito estufa na combustão.
  • Competição com a produção de alimentos em algumas formas de biomassa.

Principais Usos

  • Geração de calor e eletricidade.
  • Produção de biogás, bioetanol e biodiesel.
  • Uso em veículos e em processos industriais.

Energia Geotérmica

Ver artigo principal: Energia geotérmica

A energia geotérmica, embora seja uma fonte de energia limpa e renovável, derivada do calor interno da Terra, ainda é pouco explorada no Brasil. No país, sua aplicação se limita principalmente ao aquecimento de água em parques termais, como em Caldas Novas (GO) e Poços de Caldas (MG). Devido à geologia do território brasileiro, que não possui grandes áreas de transição entre placas tectônicas, o país não apresenta um grande potencial para produção de energia geotérmica em larga escala. As reservas subterrâneas de água doce, como o Aquífero Guarani, possuem temperaturas classificadas como fontes geotérmicas de baixas temperaturas, podendo ser utilizadas para aquecimento de água em residências e sistemas de calefação. A energia geotérmica, no entanto, enfrenta desafios como a falta de eficiência em comparação com outras fontes de energia e a necessidade de tratamento da água subterrânea, que pode conter minerais e gases prejudiciais à saúde.[29][30][31].

Vantagens

  • Fonte de energia constante e não dependente do clima.
  • Baixas emissões de gases de efeito estufa.
  • Alta eficiência energética.

Desvantagens

  • Localização geográfica limitada para recursos de alta qualidade.
  • Risco de contaminação do lençol freático em algumas técnicas.
  • Alto custo de investimento inicial.

Principais Usos

  • Geração de eletricidade em usinas geotérmicas.
  • Aquecimento direto para residências e indústrias.
  • Uso em spas e estufas.

Energia Azul

Ver artigo principal: Energia azul

A energia azul, também conhecida como energia osmótica, é produzida a partir da diferença de concentração de sal entre a água do mar e a água do rio. Este tipo de energia é considerado uma excelente fonte de energia renovável e limpa, pois não gera gases de efeito estufa. O processo mais utilizado para sua geração é conhecido como Osmose por Pressão Retardada (PRO), onde uma membrana separa a água salgada da água doce, gerando pressão suficiente para movimentar uma turbina e produzir energia elétrica. Embora ainda pouco utilizada, há um potencial mundial considerável para a geração de energia azul, estimado em torno de 1.500 Terawatt-horas. A Noruega está entre os países mais avançados no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a geração de energia azul. Pesquisadores da França, por exemplo, estão desenvolvendo membranas de nanotubos de nitreto de boro, que são mais eficientes do que as membranas osmóticas tradicionais. Esta tecnologia promissora ainda está em fase de pesquisa e desenvolvimento em vários países.[32][33][34][35].

Vantagens

  • Potencial fonte de energia renovável.
  • Pode ser uma fonte constante de energia.
  • Baixo impacto ambiental.

Desvantagens

  • Tecnologia ainda em estágio inicial de desenvolvimento.
  • Eficiência e custo ainda são desafios.
  • Limitada a regiões com acesso a água doce e salgada.

Principais Usos

  • Geração de eletricidade em estuários.
  • Potencial uso em dessalinização.

Fotossíntese Artificial

Ver artigo principal: Fotossíntese artificial

A fotossíntese artificial é um campo de pesquisa que visa imitar o processo natural de fotossíntese das plantas para converter dióxido de carbono e água em carboidratos e oxigênio, utilizando luz solar. Este processo ainda enfrenta desafios técnicos, como a necessidade de desenvolver materiais artificiais capazes de replicar a fotossíntese sem depender de proteínas, que não funcionam fora de seu ambiente natural. Os pesquisadores têm se concentrado no desenvolvimento de moléculas similares às clorofilas, como as porfirinas, e no uso de aminoácidos como a tirosina para estabilizar o processo. No Brasil, há pesquisas significativas nessa área. Por exemplo, no Laboratório de Nanotecnologia e Energia Solar do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), há esforços para desenvolver tecnologias relacionadas à fotossíntese artificial, incluindo a produção de "hidrogênio verde". Este tipo de hidrogênio pode ser gerado a partir de fontes renováveis e limpas, como água e etanol, sendo uma alternativa promissora aos combustíveis fósseis. A implementação dessas células de combustível em veículos automóveis, utilizando "hidrogênio verde", é vista como uma solução viável para o futuro.[36][37][38][39][40].

Vantagens

  • Potencial para criar combustíveis solares sustentáveis.
  • Pode ajudar na captura de carbono.
  • Inovação em tecnologia de energia limpa.

Desvantagens

  • Ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento.
  • Desafios técnicos e de eficiência.
  • Escala e aplicação prática ainda não determinadas.

Principais Usos

  • Pesquisa e desenvolvimento para geração futura de energia.
  • Potencial aplicação em armazenamento de energia solar.

Vantagens gerais

Energias ecológicas

A primeira vantagem de certa quantidade de recursos energéticos renováveis é que não produzem emissões de gases de efeito estufa nem outras emissões, ao contrário do que acontece com os combustíveis, sejam fósseis ou renováveis. Algumas fontes não emitem dióxido de carbono adicional, exceto aqueles necessários para a construção e operação, e não apresenta quaisquer riscos adicionais, tais como a ameaça nuclear.

No entanto, alguns sistemas de energias renováveis geram problemas ecológicos particulares. Assim, as primeiras turbinas eólicas estavam perigosas para as aves, como as suas lâminas giravam muito rapidamente, enquanto as hidroeléctricas podem criar barreiras à migração de certos peixes, um problema grave em muitos rios do mundo (nos rios na região noroeste da América do Norte que desembocam para o Oceano Pacífico, a população de salmão diminuiu drasticamente).

Natureza difusa

Bateria de painéis solares.

Uma vez que algumas das fontes de energia renováveis proporcionam uma energia de uma relativamente baixa intensidade, distribuídas em grandes áreas, são necessários novos tipos de "centrais" para transformá-los em fontes utilizáveis. Para 1 000 kWh de electricidade, consumo anual per capita nos países ocidentais, o proprietário de uma casa localizada em uma zona nublada da Europa tem de instalar oito metros quadrados de painéis fotovoltaicos (supondo um rendimento médio de 12,5% da energia).

No entanto, com quatro metros quadrados de coletores solares térmicos, um lar pode chegar muito da energia necessária para a água quente sanitária, porém, devido ao aproveitamento da simultaneidade, os prédios de apartamentos podem alcançar o mesmo retorno com menor superfície de colectores e, sobretudo, com muito menor investimento por agregado familiar.

Um problema inerente à energia renovável é o seu caráter difuso, com exceção da energia geotérmica, que, no entanto, só está disponível quando a crosta é fina, como as fontes quentes e gêiseres.

Irregularidade

A produção de energia elétrica exige uma permanente fonte de energia confiável ou suporte de armazenamento (bomba hidráulica para armazenamento, baterias, futuras pilhas de hidrogênio, etc). Assim, devido ao elevado custo do armazenamento de energia, um pequeno sistema autônomo é raramente econômico, exceto em situações isoladas, quando a ligação à rede de energia implica custos mais elevados.

Fontes renováveis poluentes

Em termos de biomassa, é certo que armazena um ativo de dióxido de carbono, formando a sua massa com ele e liberando o oxigênio de novo, enquanto para queimar novamente, combinam-se o carbono com o oxigénio para formar o dióxido de carbono novamente. Teoricamente o ciclo fechado não teria emissões de dióxido de carbono, apesar das emissões serem o produto de combustão fixo na nova biomassa. Na prática, é empregada a energia poluente no plantio, na colheita e na transformação, pelo que o saldo é negativo. Porém o saldo de energias não renováveis é muitas vezes mais negativo.

Além disso, a biomassa não é verdadeiramente inesgotável, mesmo sendo renovável. A sua utilização pode ser feita apenas em casos limitados. Há dúvidas quanto à capacidade da agricultura para fornecer as quantidades de massa vegetal necessário, se esta fonte se popularizar, que está se demonstrando pelo aumento de preços de grãos, devido à sua utilização para a produção de biocombustíveis. Por outro lado, todos os biocombustíveis produzidos produzem maior quantidade de dióxido de carbono por unidade de energia produzida ao equivalente fóssil. Mas essa emissão maior é absorvida na produção do biocombustível pelo processo de fotossíntese.

A energia geotérmica é muito restrita, não só geograficamente, mas algumas das suas fontes são consideradas poluentes. Isso ocorre porque a extração de água subterrânea em altas temperaturas geradas pelo arrastar para a superfície de sais minerais indesejáveis e tóxicos.

Diversidade geográfica

A diversidade geográfica dos recursos é também significativa. Alguns países e regiões são significativamente melhores do que outros recursos, nomeadamente no setor das energias renováveis.

Alguns países têm recursos significativos perto dos principais centros de habitação em que a procura de eletricidade é importante. A utilização desses recursos em grande escala requer, no entanto, investimentos consideráveis no tratamento e redes de distribuição, bem como na casa de produção.

Além disso, diferentes países têm diferentes potencialidades energéticas, este fator deve ser tido em conta no desenvolvimento das tecnologias a por em prática. Mas isso pode ser resolvido produzindo os biocombustíveis em países tropicais, com maior incidência de luz solar, e os levando para os países menos providos de Sol. Dessa maneira o problema de transporte de energia seria resolvido.

Administração das redes elétricas

Se a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis está generalizada, os sistemas de distribuição e transformação não seriam tão grandes distribuidores de eletricidade, mas funcionariam localmente, a fim de equilibrar as necessidades das pequenas comunidades. Os que possuem energia em excesso venderiam aos setores com déficit, quer dizer, o funcionamento da rede deverá passar de uma "gestão passiva", onde alguns produtores estão ligados e que o sistema é orientado para obter eletricidade "descendente" para o consumidor, para a gestão "ativa", onde alguns produtores são distribuídos na rede que devem monitorar constantemente as entradas e saídas para assegurar o equilíbrio do sistema local. Isso iria exigir grandes mudanças na forma de gerir as redes.

No entanto, a pequena utilização de energias renováveis, o que muitas vezes podem ocorrer no local, reduz a necessidade de ter sistemas de distribuição de eletricidade. Atuais sistemas, raramente e economicamente rentáveis, revelaram que uma família média que tem um sistema solar com armazenamento de energia e painéis de dimensão suficiente, só tem que recorrer a fontes externas de energia elétrica em algumas horas por semana. Portanto, aqueles que apóiam a energia renovável pensam que a eletricidade dos sistemas de distribuição deveriam ser menos importantes e mais fáceis de controlar.

Implementação

Energia renovável por países

Investimentos

Em 2009 a China aplicou US$ 34 bilhões[41] na geração de energias renováveis. Com quase o dobro do investimento realizado pelos EUA, a China passou a liderar o ranking de países que mais investem em energias renováveis no mundo. O Brasil apareceu em 5º lugar com R$ 13,2 bi.

Pandemia de COVID-19 e a Invasão da Ucrânia pela Rússia

A partir do ano de 2020 diversos fatores econômicos e geopolíticos vieram afetar o crescimento do mercado de energias renováveis, especialmente da energia fotovoltaica. A pandemia de COVID-19 afetou os padrões estabelecidos de uso e distribuição de combestíveis fósseis. A Guerra dos preços do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita em 2020, que ocorreu em meio ao periodo de desestabilização do mercado global de petróleo, causando tensões dentro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) sobre as maneiras de adaptar a produção à este cenários. A tensão levou a Rússia a abandonar o acordo, levando à queda da aliança OPEP+. Os preços do petróleo já haviam caído 30 por cento desde o início do ano devido a uma queda na demanda.[42] Sendo uma das principais causas do colapso global do mercado de ações em 2020.[43] A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 trouxe uma nova complicação ao mercado de petróleo e dos combustíveis fósseis em geral.

Ciclo de predefinições detetado: Predefinição:Excerto Essas circunstâncias trouxeram efeitos diretos, positivos e negativos, sobre o crescimento do mercado das energias renováveis, especialmente fotovoltaicas, que historicamente acompanha as condições macroeconômicas. A diminuição global da demanda de energia causaram um grave receio no mercado renovável, além dos problemas que compartilhou com a economia geral - disrupção das cadeias produtivas, atrasos em projetos de construção, instabilidade no mercado de mão de obra, como também a diminuição dos investimentos na área. Não obstante, a pandemia apresentou efeitos positivos no sentido de reforçar a impletação da energia renovável e fotovoltaica em diversos contextos.[44]

Enquanto que a União Europeia desenvolveu uma resposta coordenada ao impacto econômico da pandemia de COVID-19, o efeito de transbordamento é um processo dinâmico de longo termo com efeitos invevitáveis no consumo de energia renovável em outros países. Os maiores consumidores de energia do mundo, China e Estados Unidos, serão negativamente afetados em aproximadamento 0.1% e 0.8% do consumo de energias renováveis respectivamente. Portanto, é demasiadamente arbitrário dizr que o declínio econômico da União Europeia causado pela pandemia vai afetar negativamente o consumo de energias renováveis em outros países, dado que existem alguns poucos países que ainda possuem um impacto positivo nas energias renováveis, como a Índia.[44]
O custo crescente dos derivados de petróleo tem causado um aumentona demanda de energia solar fotovoltaica, mesmo em países produtores como a Nigéria, a falta de suprimentos para atender o cresicmento, porém, tem sido um impedimento para atender integralmente a demanda. Na Nigéria o preço do diesel quase triplicou desde a invasão da Ucrânia[45] No Líbano, que possui uma economia profundamente afetada pela crise de liquidez agravada pela pandemia de COVID-19, a implementação de energia solar fotovoltaica tem sido uma solução adotada pela população diante dos frequentes apagões que ocorrem nas cidades, dado a falta de petróleo para consumo individual e para geração de energia. Geradores à diesel haviam sido adotados pela população mais rica no início da crise, porém se tornou cada vez mais insustentável dado a escassez do combustível. Os paineis solares tem se tornado a solução preferida desde então, colocando o mercado no limite da capacidade.[46]

Ver também

Referências

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  4. Eólica chegará, em 2023, a 1TW de capacidade instalada no mundo - Energia Hoje
  5. Energia eólica terá recorde de instalação no mundo até 2027 | CNN Brasil
  6. Segundo semestre de 2023 começa com recordes na geração eólica — Ministério de Minas e Energia
  7. Capacidade de geração de energia eólica deve bater recorde neste ano, diz associação | CNN Brasil
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