Renia Spiegel
Renia Spiegel | |
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Conhecido(a) por | vítima do Holocausto |
Nascimento | 18 de junho de 1924 Uhryńkowce, Segunda República Polonesa |
Morte | 30 de julho de 1942 (18 anos) Przemyśl, Polônia ocupada |
Nacionalidade | polonesa |
Parentesco |
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Renia Spiegel (Uhryńkowce, 18 de junho de 1924 – Przemyśl, 30 de julho de 1942) foi uma jovem judia polonesa, morta pelos nazistas.
Sua história ficou conhecida devido ao seu diário pessoal, escrito entre seus 15 e 18 anos, onde conta a experiência de ser uma adolescente e viver na cidade de Przemyśl durante a Segunda Guerra Mundial, onde a situação do povo judeu rapidamente se deteriorou após a invasão da Polônia pela Alemanha Nazista.[1] Seu diário vem sendo comparado com o de Anne Frank.[2]
Biografia
Renia nasceu em 1924 em Uhryńkowce, uma vila hoje localizada na Ucrânia, mas na época parte da Segunda República Polonesa. Seus pais eram Bernard Spiegel e Róza Maria Leszczyńska.[3] Cresceu na fazenda da família, perto da antiga fronteira com a Romênia, junto de sua irmã 8 anos mais nova, Ariana, que foi uma estrela mirim do cinema polonês.[3]
Renia e Ariana estavam no pequeno apartamento dos avós em Przemyśl, na Polônia quando o Pacto Molotov-Ribbentrop foi assinado em agosto de 1939, seguido da invasão nazista, que levou à separação das irmãs de sua mãe, em Varsóvia.[3] Conforme a guerra prosseguia, Renia estudou em uma escola em Przemyśl e em 1940 começou a se envolver com Zygmunt Schwarzer, filho de um proeminente médico judeu.[2]
Renia começou um diário aos 15 anos, onde contava sobre seu dia a dia, seus sonhos e inquietações com a iminência da guerra.[4] Quando o gueto de Przemyśl foi criado em julho de 1942, Renia e outros 24 mil judeus foram obrigados a se mudar para lá. Cerca de duas semanas depois, Zygmunt secretamente retirou Renia do gueto e a escondeu, junto de seus pais, no sótão da casa da família para impedir a deportação da família para um campo de concentração. Um informante falou com a polícia nazista sobre o esconderijo, que invadiu a casa e encontrou Renia no local.[3][4][5]
Em 7 de junho de 1942, Renia escreveu:
Morte
Renia foi levada para a rua junto dos pais de Zygmunt e eles foram executados a tiros em 30 de julho de 1942.[5] Os pais e a irmã de Renia sobreviveram à guerra e emigraram para os Estados Unidos.[1][4][5]
O diário
Renia começou a escrever um diário em 31 de janeiro de 1939, quando tinha 15 anos de idade. O diário de quase 700 páginas foi mantido em segredo e foi feito de várias páginas de um caderno escolar costuradas juntas. Em seus escritos, Renia fala de seu dia a dia na escola, a vida em família, a dor de ficar separada da mãe, seu namoro com Zygmunt Schwarzer, o medo crescente da guerra e o medo de se mudar para o gueto.[1][4][5]
Além de seus escritos e pensamentos, o diário também contém desenhos e poemas feitos por Renia. Seu último registro diz:
Em julho de 1942, Zygmunt descobriu o diário e anotou uma última entrada sobre o esconderijo de Renia e sua execução.[7]
Zygmunt levou o diário consigo quando emigrou para os Estados Unidos depois da guerra e entregou à mãe de Renia entre as décadas de 1950 e 1960. A irmã de Renia, Ariana, ficou com o diário em 1969. Apesar de ter mantido posse do diário por todo esse tempo, ninguém fora da família leu o diário até 2012.[2][3][4] Jornalistas começaram a comparar o diário de Renia com o Diário de Anne Frank, com a diferença de que Renia era mais velha, tinha outros pensamentos e formas de se expressar, ainda que ambas vivessem escondidas.[1][2][8]
Legado
Em 2012, a filha de Ariana, Alexandra Renata Bellak, entregou o diário para dois tradutores norte-americanos. Ele foi primeiro publicado na Polônia em 2016, na íntegra, e inspirou uma peça de teatro. Partes do diário foram publicados em inglês pelo site da revista do Smithsonian em 2018.[2] Nos Estados Unidos, o livro de 90 mil palavras será publicado pela Penguin Books[9] em 19 de setembro de 2019.[10][11]
O diário também foi tema de um documentário de Tomasz Magierski, chamado Broken Dreams. Ele estreou em Nova Iorque como parte do memorial do Holocausto.[4][12][13]
Referências
- ↑ a b c d Isabela Barreiros (ed.). «Diário de "Anne Frank polonesa" será, finalmente, publicado após 70 anos». Aventuras na História. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ a b c d e Robin Shulman (ed.). «How an Astonishing Holocaust Diary Resurfaced in America». Smithsonian Magazine. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ a b c d e Matt Lebovic (ed.). «The lost diary of Poland's 'Anne Frank': An untold testament of a truncated life». The Times of Israel. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ a b c d e f Alison Flood (ed.). «'Terrible times are coming': the Holocaust diary that lay unread for 70 years». The Guardian. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ a b c d Alex Ulam (ed.). «Why Renia Spiegel Is Being Called 'The Polish Anne Frank'». The Forward. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ «Secret diary of 'Polish Anne Frank' Renia Spiegel to be published». BBC. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ a b c Renia Spiegel (ed.). «Hear, O Israel, Save Us». Smithsonian. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ Mafalda Ganhão (ed.). «Diário de jovem judia polaca vai ser publicado, 70 anos depois». Expresso. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ Renia Spiegel (ed.). «Renia's Diary». Penguin Books. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ Gianluca Mezzofiore (ed.). «Diary of 'Polish Anne Frank' to be published after 70 years in bank vault». CNN. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ «Secret diary of 'Polish Anne Frank' to be published after being kept hidden in bank vault for 70 years». The First News. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ Heloise Wood (ed.). «Ebury pre-empts WW2 diary of Polish teenager». The Bookseller. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ «United Nations Department of Global Communications to Screen Premiere of 'Broken Dreams' at New York Headquarters, 2 May». Nações Unidas. Consultado em 13 de setembro de 2019